quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Shivaratri - A Noite de Shiva

Om Nama Shivaia


O Shivaratri – que literalmente significa Noite de Shiva - é comemorado anualmente em todos os lugares da Índia. Como a Índia segue o calendário lunar, esse ano o Shivaratri acontecerá em 05 de março.

Nessa noite, são realizadas muitas pujas – cerimônia sagrada – e entoação do mantra Om Nama Shivaia ininterruptamente durante toda a noite em devoção à Shiva.

Shiva é um dos deuses que formam a trindade hindu, junto com Brahma e Vishnu. Shiva é o deus da construção e da destruição, ou seja, da transformação, renovação.

Shivaratri comemora o casamento de Shiva com a deusa Parvati. Também, contam que é a única noite que Shiva descansa e dorme, por isso seus devotos devem ficar acordados a noite toda.
Outra passagem de Shiva, é a de seu casamento com Sati, que acaba se atirando ao fogo. Então com sua fúria, o deus desempenha sua magnífica dança Tandava, tomando a forma de Shiva Nataraja, destruindo todos os males.

Shiva é um dos deuses mais exóticos do hunduísmo. Tem o corpo coberto de cinzas, do topo de sua cabeça com cabelos longos e amarrados, surge as águas do sagrado Ganges. Ao redor de seu pescoço reside uma serpente, símbolo da kundalini, a energia espiritual da vida. Usa seu tridente sagrado no qual é amarrado o damroo ( pequena percussão). Geralmente aparece sentado sobre a pele de um leão. Vive como um asceta no monte Kailasa, Himalayas


Curiosidade do Shivaratri

No Shivaratri, os devotos de Shiva tradicionalmente preparam uma bebida chamada Bhang Lassi feita de cannabis, amêndoas e yogurte, e também um doce feito de cannabis, para atingir à elevação de Shiva.
O curioso é que em Omkareshwar essas iguarias são vendidas numa loja do governo e com muita devoção. Muitos devotos, inclusive idosos, tomam o bhang lassi. E no templo, a noite toda se houve Om Nama Shivaia numa atmosfera de elevação e intensa devoção até o amanhecer. Uma verdeira liberdade de espírito!!!

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Índia aos olhos de cada um

A Índia é um paradoxo!!! Recebi hoje, notícias da Índia, vindas de brasileiras que expressam seus pontos de vistas após experimentarem um pouco do país.

As impressões eram completamente opostas, oscilando entre maravilhamento e desencantamento! Nesses anos de comunhão com esse país, tenho ouvido relatos de diferentes experiências na Índia.

Fui para a Índia pela primeira vez com 23 anos, logo após concluir minha universidade de comunicação, na esperança de conseguir uma vaga no Pune Film Institute, afim de estudar cinema no maior produtor de filmes mundial.

A primeira vez fora do Brasil, vivi como estudante estrangeira durante seis meses, tentando entender aquele “universo à parte” no qual estava inserida.

Meu olhar estrangeiro mostrava muitas coisas “malucas”, às vezes sem sentido e estranhas. Minha tentativa de distanciar-me de minha identidade cultural, que fazia com que minha mente trabalhasse comparativamente, ajudou a aproximar-me “do outro” com mais intimidade e discernimento, proporcionando momentos de clareza e paixão por aquela terra misteriosa.

Esse exercício diário de distanciamento, abriram portas magníficas e revelaram grandezas incomparáveis da cultura indiana, que vão muito além de valores mundanos que muitas vezes acabam atrapalhando a observação do outro como ele realmente é. Ou seja, fazem parte de um jogo mental, que nos faz enxergar as coisas com os olhos da mente.

Isso me faz lembrar a história de Sangayya, um disciplinado devoto do deus Shiva, que via o deus em todas as coisas. Certo dia a curiosidade do rapaz, o levou a seguir algumas cortesãs acreditando que as moças realizariam ritual ao grande deus. Foi levado pela suntuosa Saumatri até seus aposentos, onde o rapaz enxergou na cama o trono de Shiva, e a cortesã como sua atendente e grande devota de Parvati, a consorte do adorado deus. Para cada detalhe do aposento, enxergava o templo do deus e a cada gesto da cortesã atribuía aos rituais sagrados. Durante toda a noite realizou uma grande cerimônia à Shiva.

Essa bela história relatada detalhadamente no livro “Uma escada para o Conhecimento” , do escritor francês Ariel Glucklich, nos mostra que tudo está relacionado com a maneira que conceituamos nossa percepção.

A partir do momento que a Índia passou a ser vista por dentro , consegui admirá-la e compreender porque esse país atrai tanta gente nesse mundo.

E isso aconteceu também graças ao encontro com o indiano Jyoti, que tornou-se meu parceiro e pai de meus pequeninos Shiva e Lalita. Mas esse encontro é uma outra história, de amor, que será contada aqui em algum momento futuro. Enfim, acabei vivendo na Índia por quase dois anos sem retornar ao Brasil.

Na Índia tem muito de tudo o que podemos imaginar. É um país contraditório. E só entendemos a devoção à Shiva, quando por lá passamos. O deus forma a trindade hindu, junto com Brahma e Vishnu. Shiva é o deus da destruição e da construção. É uma coisa e seu oposto. É divino, mundano, sexualizado e ascético, sublime e excêntrico. É a própria personificação do paradoxo!!!

E é dele e de sua grande festa Shivaratri, que acontece em poucos dias, que falaremos em breve!!!!

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Muitas Índias, muitas cores, cheiros e sabores

शान्ति: शान्ति : शान्ति
Festa das Cores, Holi, todo mundo deve ficar muiiitoooo colorido!!!! Acontece no norte da Índia no final de fevereiro ou início de março! Esse ano será dia 21/03.
Celebra a vitória do bem contra o mal!!!
Qualquer um em qualquer parte pode ser pego de surpresa com uma nuvem de cores...eles jogam tintura colorida em pó...eu fiquei pink total!!!

A maneira mística de viver



A comida, costumes, relacionamentos, espiritualidade, Gurus e Ioga, tão peculiares, interessantes e misteriosos, que atraem cada vez mais brasileiros e o mundo ao sub-continente Índia. Na Índia a espiritualidade e a religião fazem parte do dia-dia das pessoas. A religião pode ser considerada mais como um “modo de vida”, que ensina uma maneira diferente de conceber a vida e a morte.

O curioso é compreender como os indianos conseguem manter tradições e valores espirituais em meio à vida moderna, competitiva e preocupada com valores materiais. Conhecendo sua história, descobrimos que o indiano tem uma capacidade afiada de assimilar culturas e valores, sem que esses interfiram diretamente na suas crenças espirituais e religiosas, fundadas há pelo menos 5.000 anos.

A Índia de tradição hindu tem uma história recheada de invasões. Assimilando ou não os valores do outro, sempre conseguiu manter vivos seus fundamentos culturais.

No período mais remoto, no séc III a.C. foi dominada pelos persas; no século VII foi invadida pelos árabes, os quais reinaram por 400 anos com a total hegemonia muçulmana; mais recente, no século XIX, foi invadida e dominada pelos ingleses, sendo colônia da Inglaterra durante quase 150 anos.

Foi só em 1947 que a Índia declarou sua independência do governo britânico, diante da trajetória histórica de Mahatma Gandhi, um dos maiores líderes pacifistas do mundo, que pregava a não-violência e conceitos espirituais baseados na filosofia védica.

A religião Hinduísta predomina em 82,6% da população. Num país de cerca de 1bilhão e 100 milhões de habitantes, 82,6% de hindus é muita gente. O restante pratica o islamismo (10%), cristianismo (2,4%), sikhismo (2%), budismo (0,7%), jainismo (0,5%) e outras pequenas seitas religiosas.

O hinduísmo é fundamentado nos Vedas, escrituras sagradas com pelo menos 5.000 anos de existência, que contém ensinamentos nas áreas da medicina, rituais, astronomia, auto-conhecimento e práticas espirituais. É nesses Vedas que encontramos as respostas para compreender costumes e modos de vida dos indianos.

A parte dos Vedas que lida com o problema básico do ser humano é chamada de Moksasastra ou Vedanta, encontrada no final de cada Veda. Esse ensinamento propriamente dito encontra-se na forma de diálogo entre professor e aluno, que são chamados de Upanishads. E ao atingir a compreensão e discernimento deste corpo de conhecimento de forma tradicional, alcança-se moksa , o conhecimento de si mesmo, ou a paz duradoura, ou ainda, a liberação. Essa liberdade, ao contrário do significado ocidental, está associada ao estar livre do sofrimento e das infelicidades da alma.

Para os hindus, a solução está na compreensão de si mesmo e suas infelicidades.

E para atingir essa compreensão, muitos buscam encontrar um mestre espiritual que os ensinem o caminho e os ensinamentos tradicionais dos vedas. Por isso é que a tradição dos Gurus espirituais ainda é muito viva em todos os cantos do país.

E são muitos os conhecidos por aqui...com certeza você já ouviu falar de algum!!!!

Índia, um país que cresce sem violência

Visitar a Índia de norte ao sul, é como entrarmos num mundo a parte, único e peculiar. Mesmo inserida na irremediável globalização mundial, a Índia consegue uma harmonia visível entre o tradicional e o contemporâneo. Vive as mudanças que o mundo todo tem presenciado, mas ainda consegue se firmar em suas mais antigas raízes.

Talvez, seja esta a característica primordial que faz deste país uma terra exoticamente cultural.
Uma característica fascinante no modo de vida de seu povo em geral, é o respeito ao próximo e a vida humana. O que faz de um país de mais 1,2 bilhão de habitantes, o segundo maior do mundo, conviver sem a tenebrosa nuvem cinza que assusta o mundo, chamada violência.


Para um turista brasileiro, novato na Índia, a sensação que temos é que no meio à confusão congestionada de uma rua de Nova Delhi, estamos mais seguros que em certos lugares de nosso próprio país. É como se a paz e o respeito estivessem impregnados na atmosfera indiana, porém caótica numa desordem organizada à moda indiana.

Esta “não-violência” vivenciada pelo povo indiano tem raízes milenares, e atuam como pilares de sustentação de sua rica cultura, que já recebeu invasões árabes e se renderam à colonização inglesa durante 300 anos, mas sem abandonarem seus valores tradicionais de pelo menos 5.000 anos de existência. Estes pilares que sustentam a civilização indiana são a constituição familiar, religiosa e filosófica da Índia.

As famílias indianas têm tradições centenárias, para não dizer milenares, e conseguem preencher toda a base emocional e psicológica de cada indivíduo, criando uma corrente de bons exemplos e atitudes humanitárias, como honestidade e respeito ao próximo.

A religião e filosofia caminham juntas, e encontram no Hinduísmo, a religião de 80% dos indianos, explicações coerentes para o respeito à vida humana e a não-violência. O que culminou com a trajetória do grande pacifista mundial Mahatma Gandhi, durante a independência do país em 1947.

Dentro deste paradigma, o país consegue atingir altos índices de desenvolvimento, o que não é estagnado por problemas sociais como a violência. A Índia é atualmente a economia com o segundo crescimento mais rápido do mundo, atingindo um PIB que oscilou entre 8 e 10% nos últimos dois anos. O país é um dos maiores produtores de alimento do mundo, sendo o primeiro na produção de leite, cana-de-açúcar e chá. Produz 30 milhões de toneladas de frutas e 59 milhões de toneladas de legumes por ano.

Estes dados, fazem com que caia por água abaixo o mito da Índia como um “país miserável”, com pobreza e fome. Em velocidade muito maior que o Brasil e uma população gigante, a Índia consegue baixar seus índices de pobreza ano a ano.

E neste caminho a Índia cresce, se moderniza e mantém sua fama mundial de berço de cultura milenar, abrindo seus portões aos viajantes que buscam uma experiência rica e inovadora.

UMA LONGA CAMINHADA


Vamos iniciar uma jornada pela Índia...vou dividir minhas
experiências alegres ou tristes, porém sempre enriquecedoras nesses mais de dez anos de caminhada...durante a qual a Índia tem abraçado minha vida.
Um canal de comunicação direta Índia-Brasil!!!
Bem-vindos! Namastê!!!