sábado, 22 de março de 2008
FESTIVAL DA CORES
sábado, 15 de março de 2008
A Comida dos deuses....
Assim, não me restou alternativa a não ser aprender a cozinhar, já que no Brasil seria impossível encontrar uma cozinheira “indiana”.
A minha experiência com a alquimia indiana na cozinha já dura dez anos.
Dez anos de provações, aprovações e compreensão sobre as combinações de
especiarias, carro chefe da comida indiana.
Graças à comida indiana adquiri a fama de uma “boa cozinheira” e assim surgiram os almoços mensais que tenho o prazer de oferecer em minha casa.
Tem sido uma experiência fascinante observar a aceitação dos brasileiros ao paladar indiano, totalmente exótico para nós. Para cada almoço, são três dias de entrega à cozinha numa meditação e devoção de corpo e alma.
E como prometido no último almoço, aí vai a receita do prato mais votado: Kadala Curry ( Grão de Bico com coco fresco), receita típica de Kerala, estado do Jyoti, no qual a culinária é à base de coco e até o nome do estado quer dizer “terra do coco”!!! Essa aprendi com minha querida cunhada Gemma, numa fresca manhã de incursão por sua cozinha no preparo do café da manhã. É isso mesmo, esse prato serve de acompanhamento para o cuscuz de farinha de arroz com coco (puttu), um dos deliciosos e saudáveis desjejuns de Kerala.
KADALA CURRY
500g de grão de bico (deve ser colocado de molho na água na noite anterior)
1 coco seco
3 pedaços de gengibre fresco
3 canelas em pau
5 cravos da índia
1 ½ de semente de coentro
1 maço de coentro fresco
3 pimentas verdes frescas
6 grãos de pimenta-do-reino
1 galhinho de folhas de curry ( opcional) OBS: é um tempero indiano,chamado de curry pattá ou curry veiplá ( nomenclatura de Kerala)
1 colher de açafrão em pó
Modo de preparo:
- Cozinhar o grão de bico com dois pedaços de gengibre, açafrão e sal;
- com meio coco seco ralado, fazer o leite de coco batendo no liquidificador com 2 copos de água e depois coar;
- ao ralar o coco seco, deixar uns pedacinhos de coco, quadradinhos para colocar no curry (molho).
- Tostar com um pouco de óleo a canela, cravo, coentro, pimenta-do-reino, pimenta verde, ½ coco ralado, pedacinhos de coco, as folhas de curry, e um pedaço de gengibre, até dourar. Cuidado para não queimar as especiarias. O ponto de retirar do fogo é quando estiver exalando um aroma intenso;
- Triturar a mistura com o leite de coco e o coentro fresco; triturar bastante com atenção para os temperos em pau e semente, que devem estar completamente triturados;
- Misturar tudo no grão-de-bico ainda quente e ferver por cinco minutos.
quinta-feira, 6 de março de 2008
Om Nama Shivaia!!!
Shiva & Shakti
Cada um de nós temos esses dois aspectos. Esse aspecto é representado em Ardha Narishvara, o deus/deusa metade homem, metade mulher. Eles representam a polaridade, e podem cancela-la transformando-se em único, experiência unificada na qual eles estão acima de cada um."
domingo, 2 de março de 2008
Meu Primeiro Shivaratri
Todos os templos Shivaístas da Índia comemoram o Shivaratri. Meu primeiro Shivaratri, passei em OmKareshwar, no estado de Madhya Pradesh, Índia central.
É um dos importantes destinos dos peregrinos no Shivaratri. A cidade fica à beira do Rio Narmada, um rio muito sagrado, que corta a Índia ao meio. Em Omkareshwar, o Narmada forma uma ilha, chamada de OM por apresentar o formato deste símbolo sagrado. Os peregrinos rodeiam a ilha em peregrinação, parando de templo em templo.
Eu e Jyoti ( para quem ainda não sabe, meu marido, indiano) ficamos numa das caves ou cavernas que entrecortavam a grande montanha de pedra que formava essa ilha. Nossa caverna tinha porta, janela e um enorme altar de Shiva, com várias deidades.
Quem nos cedeu a chave foi um Baba, um asceta que tomava conta da mesma. A caverna pertencia a um pujari – espécie de sacerdote do hinduísmo – que a usava para seus rituais sagrados e meditações, e não a emprestava para qualquer pessoa. A sensação que tive quando nela entrei pela primeira vez, foi ouvir os mantras que ressoavam de suas paredes de pedras numa energia meditativa que me impregnava por inteira.
Queríamos vivenciar a espiritualidade e devoção à Shiva durante o Shivaratri. Lá ficamos durante 15 dias. Eram muitos e muitos os devotos que chegavam de todos os lugares. Pude observar a beira do Rio ser invadida por tendas a cada dia, até ficar completamente colorida, cheia de devotos e fumaças de fogos sagrados e incensos.
Nossa caverna também virou ponto de parada dos devotos que peregrinavam pela ilha. Com muito respeito, todos no saudavam e queriam nossas bênçãos. Eu não entendia muito o que estava acontecendo, porém, me mantinha em silêncio observando e sentindo tudo.
A emoção era tamanha que, dentro de minha barriga, senti pela primeira vez os pulinhos de nosso primeiro filho, que estava ali guardado há seis meses. E adivinha qual é o nome que demos a ele quando nasceu??? Shiva, só poderia ser!!!....hoje já com 8 anos e muita vontade de transformar tudo o que vê pela frente!!!
Adoração pela Serpente
Vi pela primeira vez a adoração por uma serpente. Estávamos sentados em frente à nossa caverna, que tinha um visual magnífico, observando os barcos que iam e vinham na travessia do rio, quando chegou um grupo de devotos cantando Om Nama Shivaia. Ao se juntarem a nós, passou por ali uma enorme serpente, que fazia seu guizado e levantava o corpo. Ela estava ali, surgiu como uma mágica, ao meio de todos.
Imediatamente todos ascendiam incensos para a cobra e saudavam Shiva com Om Nama Shivaia. Na Índia, cobra é símbolo de Shiva, traz auspiciosidade. Para o indiano, quando uma cobra atravessa em sua frente é sinal de grande transformação à caminho, com as bênçãos do Senhor Shiva. A cobra foi embora tranquilamente e satisfeita. A emoção foi tão intensa para todos, que muitos choravam, se abraçavam e o pequeno ser em minha barriga saltava como bolinha de ping-pong.